A "renaturalização" do largo José Afonso
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O parque José Afonso, anteriormente designado Parque das Escolas, já foi um grande jardim de Setúbal, no estilo romântico do Jardim do Bonfim. Desse tempo já quase tudo desapareceu, restando apenas o "lago" rodeado de grandes árvores. As obras feitas recentemente naquele espaço pretendiam restituir-lhe a dignidade de antigamente, mas esse objectivo parece ainda longe de ser atingido.
Auditório e torre de apartamentos
Na sua versão original,o projecto previa a construção de um grande parque de estacionamento subterrâneo, à semelhança do que tem sido feito em numerosas outras cidades portuguesas. A Câmara não tinha dinheiro para tal obra, e por isso tentou que alguma empresa privada assumisse a construção e o risco financeiro associado. Para tornar o negócio mais apetecível juntou-se-lhe um outro parque de estacionamento, junto ao Hospital, supostamente mais rentável - mas não apareceram interessados e a ideia foi abandonada.
Restou o emblemático auditório com o seu imponente arco, que se parece enquadrar bem na paisagem urbana e faz atenuar, tanto quanto é possível, a fealdade da grande torre de apartamentos construída na junção do Largo com a Avenida. Os setubalenses não parecem morrer de amores pelo auditório, mas creio que, com o tempo, acabarão por se apaixonar.
O resto da obra resumiu-se a cobrir o largo com empedrado e lajes, deixando ainda grandes zonas com areia. Mas o principal problema parece residir na manutenção. O lago, que mantém ainda a sua forma original de espaço "natural" adornado com rochas - decoração que agora não liga lá muito bem com o resto - foi equipado com iluminação sub-aquática, mas tratou-se de dinheiro "deitado à água": mantém-se seco e as ervas estão a tomar conta do espaço envolvente.
A entropia parece estar dominar este espaço. As ervas reclamam o regresso às origens, e o empedrado está a desfazer-se, literalmente, com a areia a retomar o seu antigo território.
As festas populares que ali têm sido realizadas contribuiram para arrancar muitas das pedras, mas também há problemas estruturais: a base de areia que lá foi colocada é inadequada para segurar as grandes superfícies de empedrado. A Câmara, agora, diz que quem tem de resolver o problema com o empreiteiro é a SetubalPolis, por ser a "dona da obra". Pode parecer estranho este empurrar de responsabilidades, pois a Câmara sempre se identificou com a SetúbalPolis, cuja Administração efectivamente controla. Trata-se, provavelmente, de um sinal das novas orientações políticas, após o render da guarda na presidência da Câmara.
A atitude que a renovada Câmara vier a ter perante o Largo José Afonso poderá ser um bom indicador da sua capacidade política e da sua eficácia. Para já, estas declarações da presidente da Câmara na última reunião pública da autarquia, acerca do empedrado solto, citadas pelo Jornal de Setúbal, soam a algo muito estranho: «Mandámos para lá uma equipa e não sei porque é que isto ainda se mantém.». Não é um tipo de palavras que seja usual ouvir a um responsável autárquico, pois dão a ideia de que não se controla a situação. Mas o tempo dirá.
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