Entrevista
Maria das Dores Meira
O Repórter de Setúbal reproduz uma entrevista da presidente da Câmara Municipal de Setúbal ao jornal "Primeira Página", que não só é interessante pelas revelações, mas dá igualmente indicações positivas quanto às orientações que a presidente pretende dar à autarquia.
Uma das novidades é a sugestão de que o seu antecessor, Carlos de Sousa, não estava à altura dos desafios de gestão da autarquia setubalense. Assumindo uma das críticas da oposição, a autarca diz que "Setúbal não é Palmela e é aqui que as coisas começaram a ficar mais complicadas."
Questionada sobre o facto de não ter saído publicamente em defesa de Carlos de Sousa, Maria das Dores Meira responde com franqueza: "A questão andava a ser colocada há meses, não foi de repente, todos sabíamos que a remodelação podia acontecer quando estivessem reunidas as condições, todos dissemos ao PCP que estaríamos dispostos para continuar ou sair. Saíram Carlos Sousa e o Aranha Figueiredo, mas podia ter saído eu ou o André Martins [...] não tínhamos de dizer isso na praça pública, tudo se passou internamente." Refira-se, a propósito, o que toda a cidade sabe: Carlos de Sousa anda agora a queixar-se de "uma facada nas costas", mas não foi essa a explicação que prestou aos munícipes - o que quer dizer que saiu de cena a mentir.
Sobre a política futura, Dores Meira dá algumas pistas para a diminuição de despesas, recusando que vá haver redução de pessoal: "De maneira nenhuma, apenas saída de avençados e a redução de salários de outros avençados. Depois vamos prosseguir com as obras do Polis, o Proqual acaba em 2007 e esperamos começar com outros projectos e fazer uma série de coisas que resultam de parcerias com privados, algumas vão criar muitos postos de trabalho. Depois vamos apostar na imagem urbana, limpeza da cidade, nas coisas pequenas que interessam ao cidadão, o buraco que está na rua, o sinal caído, o pilarete partido, as passadeiras que não estão pintadas, os jardins e espaços verdes por recuperar. Outro grande projecto é a recuperação do Forum Municipal Luísa Todi com dinheiros do mecenato."
Supondo que por "avençados" se refere aos numerosos "assessores", a declaração é de louvar. E não é só no domínio financeiro que eles estão a mais: alguns estão em lugares de direcção que devem ser ocupados por funcionários do quadro, de acordo com as regas da função pública. Mas o contrato de reequilíbrio financeiro assinado pela Câmara, se não prevê despedimentos, prevê pelo menos a redução do número de funcionários, nomeadamente através da substituição apenas parcial dos funcionários reformados.
Quanto às "coisas pequenas" (buracos nas ruas, sinais caídos, pilaretes partidos, passadeiras por pintar, jardins por recuperar) é uma justa preocupação mas é de salientar que tal só se consegue com um corpo de funcionários verdadeiramente motivado e que "vista a camisola" da autarquia. Neste aspecto Carlos de Sousa provocou uma verdadeira hecatombe interna, espalhando a desmotivação na cultura municipal. É certamente um domínio onde a capacidade de gestão da nova equipa municipal será posta à prova.
Também é de louvar a intensão de recuperar o Forum Municipal Luísa Todi. Carlos de Sousa, recorde-se, recebeu verbas para isso - em boa medida obtidas com a ajuda do falecido director do Festroia, Mário Ventura - e desviou-as para outro fim, como ele próprio admitiu. O edifício, que é emblemático da cultura da cidade e fundamental para a manutenção do Festróia, encontra-se à beira do colapso, com equipamentos que já deixaram de funcionar e acelerada deterioração da própria estrutura. Como não há capacidade financeira para construir um equipamento mais moderno, ao menos que não se deixe perder o que temos.
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