Tuesday, October 24, 2006

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   "Marinhas", de João Vaz

«Gosto do mar, desde puto. Gatinhei, pus-me erectus e cresci, nas praias da Arrábida, Figueirinha e Tróia, no tempo em que havia Sanatório no Outão, e não uma Cimenteira, no tempo em que os areais de Tróia ainda não tinham sido resortados pela Torralta. O meu pai era Piloto da Barra de Setúbal, de uma Setúbal que cheirava a Bocage, sem grandes sombras de cintura industrial. Foi ele que dirigiu a construção da Casa dos Pilotos à ilharga do Portinho da Arrábida, logo acima da Estalagem da família do Sebastião da Gama, aquele poeta bem intencionado que escreveu Pelo Sonho é que Vamos. Passei a vida de roda da água quando o estuário do Sado era um sítio decente. Visitei, ocasionalmente, alguns dos cargueiros que o meu pai arrumava no porto de Setúbal e talvez seja daí que me veio esta mania romântica de fazer uma viagem de circum-navegação num navio mercante, com grandes provisões literárias de Sommerst Maugham, Joseph Conrad e Malcolm Lowry.»

Carlos, em Ilhas

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