Thursday, December 28, 2006

Descalabro


Sede da AERSET em Setúbal

     O desaparecimento do Pavilhão de Exposições da Associação Empresarial de Setúbal (AERSET), juntamente com o recente encerramento do Centro de Empresas e de Inovação de Setúbal (CEISET, que noticiámos aqui) são exemplos da incapacidade da região de Setúbal, e particularmente da cidade de Setúbal, em se afirmar no espaço económico nacional - para já não falar no europeu, o que não seria descabido, mas que chega a parecer ridículo perante o descalabro actual das nossas instituições.
     O que é também significativo é que, em vez de lamentarem o que se está a passar, as autoridades locais manifestaram indiferença ou até mesmo satisfação pelo facto.
     O presidente da AERSET, António Capoulas, afirmou que "o pavilhão deixou de ter uma valia estratégica" para a Associação, mas não esconde que o objectivo da venda é apenas o de pagar dívidas. Ou, na linguagem tecnocrática dos economistas, "rentabilizar e valorizar activos para anular os passivos". Porém, para poder vender o pavilhão a bom preço foi necessário que a Câmara Municipal de Setúbal deliberasse a alteração do loteamento onde o mesmo se encontra, para que possa ser utilizado para uma superfície comercial. Concretamente, uma parcela de terreno que se destinava a "espaço verde de protecção e enquadramento" vai poder ser utilizada para estacionamento. Quem conhece aquela zona de Brejos de Azeitão, já bastante atingida por uma urbanização caótica e desagradável, e onde se continua a construir sem qualquer estratégia de qualificação visível, pode apreciar o que significa mais este golpe no espaço que estava destinado a qualificar ambientalmente a região.
     Porém o vereador da Câmara de Setúbal responsável por esta decisão - André Martins, paradoxalmente eleito pelo partido 'Os Verdes' - elogiou a iniciativa da AERSET e considerou-a mesmo de "interesse público".
     O que se pode pensar do tecido empresarial de uma região quando a sua própria Associação Empresarial se arrasta há anos numa situação económica aflitiva ? Já em 2001 teve de proceder ao despedimento colectivo da maior parte dos seus funcionários: ler aqui. E que figura faz uma Câmara Municipal que se manifesta satisfeita pelo desaparecimento do único grande expaço de exposições existente no território sob a sua responsabilidade ? Recorde-se que nem sequer eram apenas iniciativas económicas que tinham lugar no pavilhão de Brejos de Azeitão: por exemplo, em 1999 foi ali realizada, com grande sucesso, a Expo-Solidariedade.

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