Saturday, September 15, 2007

Livros que...

O Der Terrorist desafiou-me para uma "corrente" que é, desta vez, a dos "10 livros que não mudaram a minha vida". Eu já tinha recebido este desafio no blog 'Sesimbra', pelo que tomo a liberdade de transcrever para aqui a minha resposta de então, com o meu agradecimento ao Der Terrorist pelo novo convite:

escritor José Cardoso Pires tinha uma curiosa expressão para identificar livros, ou autores, que não apreciava: "passo bem sem ele".   — "Então qual é a sua opinião sobre o escritor fulano de tal?"   — "Passo bem sem ele."   — "E sobre o livro tal?"   — "Passo bem sem ele."
     Já António Lobo Antunes diz que tem dificuldade em não gostar seja de que livro for, embora tenha uma lista restrita de que gosta muito.
     O Der Terrorist "passou-me" o testemunho de uma estafeta destinada a revelar "dez livros que não mudaram a minha vida". Trata-se de uma brincadeira, como é óbvio, mas mesmo assim tenho dificuldade em ser tão agressivo para com um livro. Faz lembrar a desagradável frase de José Cardoso Pires, carregada dum indisfarçável desprezo:   — "Passo bem sem ele." Nenhum livro merece isso. Sabe-se que há pessoas que não conseguem ler certos livros, mas o problema é seguramente dessas pessoas, não dos livros.
     Há certamente muitos livros que não mudaram a minha vida: salvo erro, todos os que existem (a famosa montanha de papel do conhecimento). Mas, no seu conjunto, os livros mudam a vida de todas as pessoas, mesmo daquelas que não tenham lido nenhum. Nesse caso, como seleccionar 10 livros? Apenas utilizando um outro qualquer critério. Por exemplo: "os últimos dez livros que folheei", ou "os primeiros dez livros de lombada azul na estante de literatura portuguesa da Biblioteca de Sesimbra", ou ainda "dez livros de que ando há tempo a tentar lembrar o nome e não consigo". Mas, assim, o verdadeiro critério de selecção seria este último e não o inicialmente proposto.
     É sabido que não há livros bons ou maus, apenas bons e maus leitores. Por isso o Der Terrorist vai ter que ter paciência, mas desta vez "passo".

4 Comments:

At 10:15 pm , Anonymous Anonymous said...

vale!
eu, no meu blogue, e antes de mencionar os 10, tive o cuidado de escrever que foram aqueles que por uma razão ou outra não consegui ler até ao fim.
cumprimentos
p.s. - por coincidência, de certo, a loura do post a seguir a este está a ler o ulisses, im dos que eu não consigui ler até ao fim! quem é que falou em louras burras?!

 
At 6:14 pm , Blogger Electrobot said...

A Marylin de burra não tinha nada...se calhar terá sido por isso que morreu tão cedo, e nas circunstâncias misteriosas em que tal ocorreu...

 
At 10:15 am , Blogger Isabel Victor said...

:)) pois ... tb ando ás voltas com esse desafio. Os que não mudaram esquecio-os,aqueles de que me lembro (tirando a lista telefónica,e mesmo essa tem o seu peso!)todos me passaram pela vida, mudando-a a cada minuto.

Mas vou responder ...
Estou a ganhar balanço

Abraço
Isabel

 
At 2:30 pm , Anonymous Anonymous said...

A boa terrorista de Doris Lessing,Nóbel não mudou a minha vida. Os livros não mudam a vida do leitor, este sim muda ou é mudado , mas de acordo com o momento em que recebe um livro nas mãos . Sou ateu , li a bíblia e nada mudou em mim depois daquele assombro literário, no plano do funcionamento social dos valores para onde aponta, e se levados à letra, na sociedade actual é perigoso , e perigoso se tentarmos
verificar muitas vezes o ajuste de contas com a história . O caso do Salazarismo. Mas o texto existe. Pode ser pegado no díalogo com o seu tempo ou adiante....
Há livros que mudam só a qualidade de solidão humana e a aprofundam , mas mudar a vida não mudam ou se mudam fazem-no tão silenciosamente que mal sabemos dizer quais. Aprecio Cardoso Pires, Alexandra ALFHa , mais do que Delfim cujo filme detestei , gosto de Lobo Antunes sou fiel companheiro do homem mais sozinho e sofrido do mundo, mas eles como toda a gente sabe não se referiam a livros mas a escritores e sabemos quais. Cardoso Pires odiava Agustina
a quem eu tiro o meu chapéu quem não a leu nunca saberá o que perde como eu durante anos, Lobo Antunes
odeia Saramago, a quem eu presto a minha vénia não a todos , mas aos livros que li.... E o Evangenho é um livro honesto se isto podermos dizer de um livro, até nem compreendi o veto, quer dizer quis -se atingir um homem,. Esse pÕE o Nóbel ao serviço de algo, vejam -se outros nóbeis ,a começar por Al Gore enquanto vice dos EUA com Cliton.-
Por aqui me fico

 

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