Fernando Lopes Graça, Dulce Cabrita e Michel Giacometti
No seu blogue "Memória recente e antiga", o professor João Matos recorda dois acontecimentos culturais que tiveram lugar em Setúbal, em 1971, envolvendo o compositor Fernando Lopes-Graça. No dia 5 de Novembro houve um recital de canto e piano, com a meio-soprano Dulce Cabrita e o compositor: veja imagens do programa: capa, primeira parte e segunda parte. No dia 26 de Novembro foi a vez de um concerto da Academia de Amadores de Música, dirigido por Lopes-Graça: capa do programa.
Poema escrito por Hans Christian Andersen, durante a sua visita a Portugal, em 1866. Trata-se de uma paráfrase de uns versos de "Os Lusíadas" ("Eis aqui, quase cume da cabeça / De Europa toda, o Reino Lusitano, / Onde a terra se acaba e o mar começa"). O documento pertence a Hugo O’Neill, cuja família acolheu H. C. Andersen durante a sua estadia em Setúbal.
Aqui, o Mapa da Europa anuncia Que Lusitânia é sua Cabeça pomposa, Aqui a Terra acaba, o Mar aqui começa, Onde o Sol descansa, para o Brilho e o Poder.
«Haciendo una recorrida por las playas ubicadas en torno a la Laguna Setúbal podemos ver que el estado de los balnearios es deplorable. El día que se inauguró la temporada de playas, en el Sector I de la Costanera no se prestó ningún tipo de servicios. No funcionaron los baños ni el bar. Ni sombrillas hubo. ¿Piedras Blancas?… bien, gracias. En el Espigón I solo funciona un barcito, no hay más servicios. Ni siquiera baños. Parte de la playa está ocupada por las obras de la futura “Playa Grande” y no se puede usar. El resto es un yuyal. En el Espigón II, la situación es similar. El único “servicio” que se presta son tres sombrillas de paja. No hay baños, ni bar, ni nada.»
A Lagoa Setúbal, fica na na Argentina, e nas suas margens localiza-se a cidade de Santa Fé. Também designada como Lagoa Guadalupe, tem uma superfície de 92 km² e um perímetro costeiro de 27 km, sendo a profundidade máxima de 28 m. A cidade de Santa Fé, capital da província com o mesmo nome, foi fundada em 1573 pelo explorador e colonizador espanhol Juan de Garay.
Marie Antoinette Realizadora: Sofia Copolla Género: drama Cinema Charlot - 30 de Nov. a 13 de Dez. Sinopse: Kirsten Dunst interpreta a jovem austríaca que aos 19 anos se tornou rainha da França. Jason Schwartzman revive o rei Luís XVI e Molly Shannon, Anne Victoire (dama da corte e prima de Maria Antonieta). O filme mostra a vida de Maria Antonieta desde seu nascimento, na Áustria Imperial, até o fim da sua vida na França, quando foi guilhotinada em plena Revolução Francesa.
O Paraíso, agora! Realizador: Hany Abu-Assad Género: drama Forum Luisa Todi - 4 e 5 de Dezembro Sinopse: Dois jovens amigos palestinianos, Khaled e Saïd, são recrutados para cometerem um atentado suicida em Telavive. Após a última noite com as famílias, sem se poderem despedir, são levados à fronteira com as bombas atadas à volta do corpo. No entanto, a operação não corre como esperado e eles perdem-se um do outro. Separados, são confrontados com o seu destino e as suas próprias convicções... O filme realizado em Nablus traz-nos uma visão interior das vidas normais de pessoas em condições desesperadas.
Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos Realizadores: Jonathan Dayton e Valerie Faris Género: Comédia Forum Luisa Todi - 11 e 12 de Dezembro Sinopse: Um pai da família, que se considera um guru de auto-ajuda, escreveu um livro com nove passos para alcançar o sucesso, mas não consegue publicá-lo. A mulher não acredita no talento dele. O pai é drogado. O cunhado é suicida. A filha Olive é uma gorducha de óculos que sonha em ganhar um concurso de beleza. A família, decide ir ao concurso "Little Miss Sunshine" em Redondo Beach, na Califórnia, para satisfazer o desejo da jovem Olive. Pelo caminho, a família tem de lidar com sonhos esmagados, corações partidos e uma carrinha avariada que os levava ao concurso. Uma bizarra jornada que os mudará para sempre.
Programação: Festroia. Clique nas imagens ou títulos para aceder ao IMDb
Uma das consequências positivas das grandes chuvadas é o regresso da Ribeira do Livramento à sua nobre função de linha de água. Abandonada, poluída com esgotos, ocupada por canaviais, usada como lixeira e, finalmente, encanada para se transformar no grande esgoto da cidade [foto], beneficia agora das grandes enxurradas, que limpam o leito da sujidade acumulada. Não vai durar muito tempo assim, mas enquanto dura, vale a pena visitá-la.
«Tarde Intercultural» no Museu do trabalho, abordando o tema "Ser Setubalense". Iniciou-se com a apresentação do documento audiovisual "Ser Setubalense - retalhos de vida com Setúbal inscrita", com depoimentos de numerosas pessoas com diferentes histórias de relacionamento com a cidade - muitas das quais estiveram igualmente presentes e participaram activamente no debate que se seguiu. Este debate foi inteligentemente orientado pelo Professor Viriato Soromenho Marques, que reflectiu sobre a condição de ser setubalense, motivando depois a assistência para uma activa participação sobre o que é a cidade necessita que seja feito. Prevaleceu, apesar de tudo, a ideia de que está ainda por fazer um diagnóstico da condição de ser setubalense. A directora do Museu, Isabel Victor, manifestou disponibilidade daquela instituição para esse disgnóstico, tendo feito referência à "clínicas da memória", uma interessante experiência do Canadá. A tarde terminou com uma sessão musical a cargo do acordeonista Dimas, que teve o condão de colocar muita gente a dançar, e com a leitura de poemas de Ruy Belo pelo actor Duarte Victor, no espaço da Mercearia Liberdade. Tratou-se de uma iniciativa muitíssimo interessante e igualmente motivadora, pelo que terei oportunidade, mais tarde, de escrever aqui algumas reflexões sobre este tema.
No próximo sábado, no Museu do Trabalho, pelas 15h, terá lugar mais uma "Tarde Intercultural", desta vez abordando o tema "Ser Setubalense". Será apresentado o documento audiovisual "Ser Setubalense - retalhos de vida com Setúbal inscrita" e haverá um debate com Viriato Soromenho Marques, conhecido setubalense e professor de Filosofia. Será ainda feita a apresentação do livro "O Leito e as Margens", de Paula Godinho, da Universdade Nova. Como mote para o debate, podemos ler no blogue de Isabel Victor, que «Setúbal é um velho porto de abrigo para múltiplas derivas e migrações. É uma cidade multicultural mas, nem por isso, intercultural. A categoria "Ser setubalense" ainda não é suficientemente abrangente. Ainda não comporta a ideia de que são setubalenses todos aqueles que, por uma razão ou outra, têm Setúbal (ou a sua metáfora) inscrita nas suas vidas, independentemente do seu ponto de partida e do seu rumo.» (E de facto, tem ainda muito peso na cidade o perturbante aforismo de que esta é "mãe para os vêem de fora e madrasta para os que aqui nasceram"). Isabel Victor acrescenta que «o trabalho de campo que o Museu tem vindo a realizar com os diferentes grupos na comunidade, revelou-nos que as comidas, são um interessante laboratório de sínteses e adaptações culturais. A necessidade aguça o engenho, impõe a mistura de sabores e jeitos que se fundem em gostosos panelões interculturais. Talvez por isso, a Praça de setúbal, o belíssimo "Mercado do Livramento", seja citado por setubalenses de todas as origens (alentejanos, algarvios, Murtoseiros, africanos, chineses, russos, romenos, goeses, timorenses, brasileiros, etc.), como um local primordial de encontro, um património delicioso ... Um espaço agregador! Uma plataforma intercultural em setúbal?» Consequentemente, a directora do Museu do Trabalho desafia «fotógrafos, escritores, músicos, poetas e demais olhares artísticos, a olharem sem limites este local tão inspirador, em busca das diversas culturas, dos diversos modos de "Ser setubalense" que brilham entre peixes, frutas e couves no Mercado do Livramento ...»
Mercado do Livramento - fotografia de Bev Trainer, uma "irlandesa-setubalense", do clã dos O'Neill, que descobriu recentemente o retrato do chefe tradicional desse clã, Owen Roe O'Neill, numa pequena mansão da Estrada das Machadas de Cima, propriedade do actual chefe, Hugo O'Neill. Este clã dispersou-se pelo mundo na sequência das violentas perseguições aos católicos no tempo de Cromwell, tendo Portugal acolhido um dos seus ramos. Por coincidência, Bev Trayner acabou por vir viver a pouca distância do simbólico retrato. Será Bev uma Setubalense?
«Há casos que se arrastam anos a fio nos tribunais portugueses. [...] Há dois anos que volumosos processos de regulação do poder paternal se arrastam no Tribunal de Setúbal. Já houve acordo, já houve até julgamento, mas as queixas e as participações sucessivas dos pais, um contra o outro, impedem decisões definitivas. João Valente é procurador do Ministério Público no Tribunal de Setúbal. O Tribunal do país que mais tempo demora a concluir um processo de regulação de poder paternal: mais de um ano e meio, segundo as mais recentes estatísticas de 2004. O procurador garante que a situação melhorou entretanto, mas continua a reflectir o caótico enquadramento social de Setúbal.»
« [...] É fim de manhã e está um dia lindo, que mais parece de Primavera do que de Outono. Entre a sanduiche de plástico de uma estação de serviço ou os salmonetes de Setúbal, é só uma questão de interiorizar que o tempo é meu e que só eu próprio, por descuido ou por hábito, posso abdicar do que é meu. O pessoal do restaurante onde me sento está justamente melindrado: parece que o Herman José disse na televisão que os salmonetes de Setúbal não valem nada, os do Algarve é que são bons. Eis uma questão complicada e para a qual não tenho resposta à mão: só sei garantir que estes são maravilhosos... E os outros também. É Novembro e estou sentado em mangas de camisa numa esplanada ao ar livre, lendo os jornais da manhã e comendo o melhor peixe do mundo desembarcado nessa madrugada. Lá fora, nessa Europa, tremem de frio, não têm tempo para almoçar e só conhecem o peixe pela forma de o cozinhar: frito ou cozido. Que triste que deve ser viver noutro país!»
«Na praia da Figueirinha, em Setúbal, qualquer um pode ter os seus quinze minutos de Jesus de Nazaré, e caminhar sobre as águas sem ter de ser especialista em técnicas de levitação (fazer zoom ao pescador quase no centro da fotografia que pode passar despercebido ao primeiro olhar). Caprichos da natureza! Ao longo de pelo menos uns bons duzentos metros, fruto da eterna luta entre o mar e o Sado, estende-se, em direcção ao horizonte uma língua de areia, que por poucos (muito poucos) centímetros de maré nunca chega a emergir.»
Uma verdade inconveniente Realizador: Davis Guggenheim Género: documentário Cinema Charlot - 23 a 29 de Novembro Sinopse: a Humanidade está a repousar numa bomba relógio. Se a grande maioria dos cientistas mundiais tiverem razão, temos apenas 10 anos para evitar uma grande catástrofe, a qual pode destruir o nosso planeta com condições meteorológicas agressivas, inundações, epidemias e ondas de calor que ultrapassam tudo o que já passámos. Se isto parece uma receita para a ruína – pense outra vez.
Juventude em Marcha Realizador: Pedro Costa Forum Luisa Todi - 27 e 28 de Novembro (estreia) Sinopse: Os moradores do bairro cabo-verdeano das Fontainhas, nos arredores de Lisboa, são realojados em casas novas. Ventura, pedreiro de profissão, enfrenta duas grandes alterações na sua vida: a mudança de casa e o abandono da mulher. Sobre o filme: | Diário de Notícias | Folha Online | Contracampo |
«No Sábado passado estive num encontro estimulante em Setúbal onde fui convidado pela rede temática de TICs para a Inclusão Social da Equal para falar sobre a minha experiência nas formações online em Moçambique e a sua relevância para comunidades de prática e aprendizagem online. Soube na sessão que já há trabalho interessante a ser desenvolvido neste sentido no bairro de Belavista. Um dos aspectos que saiu nos nossas conversas durante os trabalhos tinha a ver com a importância de “e-learning” ser uma actividade pessoal – ou seja tem a ver com pessoas e não tecnologia.»
«Ter "os dias contados" e não termos consciência iminente disso, não nos permite evoluir. No outro dia fui a Setúbal e almoçei numa tasca da baixa e ali sentada à espera do meu bitoque de carne de porco, pus-me a desenhar com a imaginação, uma comparação. A comparação de diferentes cenários de "dias contados". Como é incrível a diferença, entre tomar café num starbucks num centro de negócios cosmopolita, onde executivos bebem café apressados, e as mulheres ajeitam a maquilhagem ao mesmo tempo que comem biscoitos diéticos; entre beber café na baixa de Lisboa, onde turistas ingleses se enbebedam o dia todo, as raparigas passam brilhantes com os seus sacos da zara e da berska, os gays encontram-se uns aos outros, metrosexuais da margem sul distribuem folhetos sobre um cartão ou promoção qualquer, pintores nas ruas a pincelar um outro rabisco por cada hora, no fundo de desemprego há 2 anos e meio; entre comer um bitoque numa tasca da baixa de Setúbal, onde bebâdos, doentes e pessoas de um aspecto grotesco, falam alto ao balcão, comportam-se de modo muito semelhante aos seus antepassados, de modo que retrato do interior de uma dessas tascas poderia ter sido tirado hoje e há trinta anos, porque seria muito semelhante. A diferença dos cenários está nas pessoas e na maneira como lidam com a sua efemeridade. Os das tascas não lidam, têm mesmo uma aperência de quem pode morrer esta tarde ou amanhã. É uma comparação que me surgiu de forma espontânea.»
Alguns dos bloggers junto ao aqueduto, na Arca d'Água - foto da Bev Trayner [ clique para ampliar ]
Conforme programado, teve lugar esta manhã um Blog Walk de bloggers de Setúbal. O tempo não podia ter estado melhor: fresco qb. para que a caminhada não se tornasse muito "quente", e sem qualquer chuva. Acompanhámos o aqueduto desde o jardim da Algodeia até à Arca d'Água, descemos depois para a Quinta de S. Paulo, subimos até ao Convento Novo e fomos a seguir até ao Convento Velho. Este último percurso foi um pouco mais difícil, já que os responsáveis do Parque Natural da Arrábida e da Associação de Municípios não tratam de limpar as matas e desimpedir os caminhos... Uma das novidades relativamente a visitas anteriores, foi o facto de encontrarmos muita água e ambientes verdadeiramente frescos. Por exemplo: a nascente do Convento Velho, em forma de um poço, tinha um razoável nível de água, límpida como só pode ser a água saída do interior da serra. Mas a maior surpresa foi que alguns bloggers levavam indicações acerca de uma Geocache no Convento Velho, com a designação de Hanging Gardens of Babylon: uma espécie de "caça ao tesouro" que é necessário descobrir a partir de coordenadas geográficas e algumas dicas adicionais. Com algum trabalho e muita animação, lá se revelou o tesouro, ao qual ainda acrescentámos algumas curiosidades, incluindo o meu pin do avião Chipmunk (que era o que tinha à mão de mais precioso...)
«Moscatel de Setúbal 1997 Quite a sweet dessert wine from Portugal. Most chocolates went very well the wine, but the absolutely best one was the dark chocolate with orange rind. Together they tasted like a very smooth Cointreau. One of my favourite after dinner drinks.»
Ruínas de uma antiga fábrica de conservas, na Rua Camilo Castelo Branco, cuja fachada se desmoronou com as chuvadas dos últimos dias. [ clique nas imagens para ampliar ]
«Mas dou-me feliz por ser um gajo novo, é que a minha stora de Matemática falava pró quadro, e quando falava, contava-nos peripécias da sua vida pessoal (o gato morreu, foi o cão que lhe comeu) e resultado, nunca aprendi a fazer equações. A ver se este ano aprendo. E vocês? Stores novos, ga... miúdas giras? Onde? Aqui em Setúbal não há dessas. Tá provado cientificamente que em Setúbal só existe uma ga... miúda bo... bonita em cada 5. Por isso vejam lá. Ou elas tão todas dentro duma toca ou esses estudos tão viciados.»
«O que nos esperava era uma surpresa e cada vez mais surreal. Segue-se o terror. Mas não é um terror qualquer. La noche del Terror Ciego chamava-se o filme seguinte. Qualquer pessoa normal desconhece tal coisa, mas posso dizer que é um filme espanhol de 1971 que narra a história de lésbicas perseguidas por cavaleiros templários zombies cegos filmado no Estoril e em Setúbal, entre outros. Um must.» - - - "É tarde Maria!"
Segundo a Amazon, as filmagens decorreram, entre outros locais, em Setúbal e Sesimbra. Sinopse do filme: Bette chega a Lisboa por motivos de trabalho, e ali encontra Virgínia, antiga companheira de internato, a qual está acompanhada por Roger. Os três decidem passar uns dias numa pousada turística. Viajam num pitoresco combóio quando ocorre uma cena de ciúmes entre as duas amigas. Virgínia resolve abandonar o combóio e chega a uma povoação deserta com uma abadia. Entra numa das casas e prepara-se para dormir quando começam a acontecer coisas estranhas e terríveis. Entretanto, Roger e Bette passam a noite na pousada e estão inquietos por causa da amiga e vao à sua procura.
Hoje, dia 15, pelas 21.30, a "Ronda dos Quatro Caminhos vai actuar no Forum Luisa Todi, para os professores de matemática participantes no Profmat (Congresso dos profissionais da dita matemática - provavelmente não será um espectáculo aberto ao público, mas vale a pena tentar a sua sorte, pois é um grupo de grande qualidade...).
Fundada em 1983 por músicos experimentais sobre a música e a cultura portuguesa, a Ronda dos Quatro Caminhos arrancou a partir da musica tradicional e rural, passando, em 1985, pela área das canções infantis com o álbum Canções Tradicionais Infantis, e pela música popular, em 1987, com o trabalho Fados velhos, a tradição portuguesa por excelência: o fado, género tipicamente urbano (de Lisboa e Coimbra em particular). (Fotografia e texto: At-Tambur)
Em finais do século XIX, Ana Catarina, uma jovem aristocrata, regressa a Portugal, onde a sua mão fora prometida por seu pai, D.António. Mas, meses depois, D. Ana Catarina perde o marido e o pai, herdando assim o solar de Silgueiros e mais algumas centenas de terras vitícolas. Herdeira rica, não lhe faltam pretendentes: o Conde de Fallorca, o Capitão Malaparte e Williamson, o inglês. Dividida entre o património e o verdadeiro amor, casa e enviuva vezes sem conta, enquanto o seu destino é cuidadosamente ardilado por uma maquiavélica ama e um abade que se preocupa mais com bens terrenos do que com os desígnios de Deus.
«Reconstituir com exactidão as características do abastecimento de água a Setúbal antes do século XV, é tarefa praticamente impossível, uma vez que a documentação até à data publicada ou referenciada em arquivos e bibliotecas é omissa a esse respeito. «Certo é que, a população de Setúbal medieval se abastecia com a água dos poços e nascentes abundantes nos terrenos que circundavam o burgo e provavelmente dentro dos seus próprios limites amuralhados. «Difícil é também por outro lado, estabelecer com precisão a época em que as Águas das nascentes de Alferrara, começaram a abastecer a então vila de Setúbal, nem a forma como foi concedida ou doada a sua exploração para fins de abastecimento público. «Todavia, parece seguro que uma parte da que, em 1487, passou a ser conduzida pelo Aqueduto dos Arcos, já anteriormente chegava à vila, apesar da não existência de canos.
Referência a D.João II e ao aqueduto de Setúbal na Crónica de Rui de Pina. Crédito: blogue Um olhar sobre Setúbal.
«Depois da construção do Aqueduto dos Arcos e do Chafariz do Sapal em 1487 por determinação de D. João II, a construção de fontes, chafarizes e poços constituiu preocupação dos responsáveis locais que, não raro, souberam aliar ao elemento de utilidade pública um elevado sentido estético. «Algumas dessas peças constituem nos nossos dias verdadeiras relíquias do património histórico do Concelho e são exemplo de várias correntes arquitectónicas, como o barroco, o rocócó. «Tem assim pouco mais de quinhentos anos a primeira rede de abastecimento público de água a Setúbal, iniciada por decisão régia de mandar construir o Aqueduto dos Arcos, pago com dinheiro do Rei e do Município, que servia o Chafariz do buraco de Água, situado na actual Rua Tenente Valadim, cuja entrada pela Avª 5 de Outubro conserva ainda, embebida no troço da muralha medieval, a mãe d’água que recebia os canos do aqueduto. «No século XVIII, o Aqueduto foi alvo de beneficiações, principalmente na época pombalina, o que permitiu tirar um anel de água para abastecer a Fonte de Palhais. Desta fonte partia um anel de água para o Convento das Bernardas.» [...]
«Em Setubal, na congregação das Missionárias da Caridade, instalada desde 1982 numa velha mansão da familia Botelho, as discípulas de Madre Teresa cuidam de quarenta crianças sem familia.» Fotografia de Ricardo Canha.
Já tinhamos feito referência, aqui, a um novo material que está a ser utilizado em Setúbal nos arranjos exteriores, o qual imita uma gravilha fina de cor castanha, mas que parece ser uma resina impermeável. No Bairro Humberto Delgado foi utilizada em zonas com árvores jovens, não se percebendo como é que agora as pobres árvores poderão receber a água tão necessária ao seu desenvolvimento. [ clique na imagem para ampliar ]
A calçada à portuguesa que existe actualmente nas ruas da Baixa de Setúbal, com desenho da autoria do arquitecto Sérgio Dias, recorre ao calcário branco, preto e rosa para uma série de desenhos geométricos, em geral bastante simples: linhas rectas formando grandes quadrados ou losangos. Apenas na Rua Antão Girão (imagem de cima) o desenho se aventura para formas mais elaboradas. Na execução do empedrado foi evidente a preocupação em integrar no desenho as diversas tampas de acesso às infraestruturas (redes de água, esgotos, electricidade e telefones). Onde foi possível, foram concebidas caixas em que se integrou o empedrado para manter a continuidade dos desenhos. As tampas circulares do saneamento, de ferro fundido maciço, foram rodeadas com molduras de empedrado.
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Mas, de quando em quando, é necessário remover estas tampas para aceder ao subsolo. Em teoria, seria possível retirá-las sem destruir o empedrado envolvente: nalgumas tampas circulares é visível a "pega" por onde devem ser levantadas, e a "dobradiça" no extremo oposto. E em todas as outras existem reentrâncias para enfiar os ganchos de modo a retirá-las. No entanto, alguém deve pensar que as coisas não podem ser assim tão simples: já são poucas as tampas onde não tenham sido destruídas as bordaduras de calcário. Porém, mesmo essa destruição não deveria ser difícil de reparar: afinal, são só meia dúzia de pedras.
Contudo, onde as pedras foram repostas, foram-no sistematicamente fora do sítio, ou com uma falta de jeito preocupante. Noutros casos, uma "borrada" de cimento substituiu as pedras, truncando os desenhos que por lá passavam.
Mas creio que não se trata apenas de "falta de jeito": afinal, há tampas que foram removidas e repostas sem nenhuma destruição do empedrado. Porém, nestes casos, os desenhos foram grosseiramente deturpados com a simples rotação das tampas. Ou, o que é ainda mais frequente, com a troca de sítio.
Ou seja: há aqui um padrão consistente. Os poucos casos em que se mantém a integridade do desenho original é nas tampas cujas dimensões não permitem a sua troca com as de outros locais. No entanto, com o tempo, julgamos que os autores, conscientes ou inconscientes, desta "reconfiguração", acabarão por descobrir uma maneira de baralhar tudo.
A entropia é um conceito da física que caracteriza a tendência natural da matéria de passar de estados de maior organização para uma menor organização (logo, maior caos). Também os empedrados da Baixa de Setúbal estão a ser vítimas duma forma de entropia, mas que certamente não nasce de nenhuma lei natural, antes de alguma doença social. Será possível que vários trabalhadores de diferentes organismos (Câmara, CTT, Águas do Sado, etc.) sofram desta doença entrópica? Quando caminho sobre estas pedras tão maltratadas, assalta-me a curiosidade de visitar as casas das pessoas que provocaram tais aberrações: será que também encontraríamos, nos espaços onde vivem, "desarranjos" equivalentes a estes? Ou será que se trata antes de algo que ultrapassa os indivíduos e que afecta, globalmente, a sociedade setubalense, algo que se caracteriza pelo horror ao que é belo e ordenado?
«O que Setúbal tem de particular é a escala humana: nós chegamos a uma cidade destas e sentimos que a cidade foi feita à nossa medida; esta qualidade humana é a que nos tem permitido, na Y Dreams, atrair pessoas de todo o mundo.»